Estudo de Caso

O que é Estudo de Caso?

A metodologia de Estudo de Caso é uma variante da metodologia Aprendizagem Baseada em Problemas. Enquanto o objetivo do modelo original do PBL é, principalmente, a aprendizagem e o conhecimento científico, o Estudo de Caso é mais utilizado para ensinar habilidades para a tomada de decisão (SA; FRANCISCO; QUEIROZ, 2007).

A metodologia de Estudo de Caso utiliza situações reais ou fictícias, inspiradas em cenários práticos, para promover a aprendizagem ativa dos estudantes. Com este método os estudantes são expostos a problemas ou dilemas específicos e são incentivados a analisá-los, discutir diferentes perspectivas e propor soluções fundamentadas, baseadas em conhecimentos teóricos e práticos. Esta metodologia incentiva a reflexão, o raciocínio crítico e a tomada de decisões informadas, em situações que se aproximam da realidade profissional.

A metodologia de Estudo de Caso admite várias tipologias, incluindo, por exemplo, casos clássicos, que utilizam exemplos históricos; casos contemporâneos, baseados em situações recentes; casos de sucesso, que relatam experiências bem-sucedidas; casos de dilemas éticos, que exploram questões morais complexas; casos de resolução de problemas, que desafiam os estudantes a encontrar soluções para situações específicas; e casos de simulação, que colocam os alunos em papéis e contextos específicos, exigindo decisões como se estivessem em situações reais, muitas vezes utilizando cenários imersivos para transferir aprendizagens para contextos controlados.

A metodologia Estudo de Caso, ao promover a discussão, a participação em debates e a tomada de decisão, encontra-se tradicionalmente associada a áreas como a economia, a gestão, o direito e a medicina (Prado et al., 2020, Harling & Akridge, 1998). No entanto, essa metodologia, sendo uma ferramenta versátil para estimular a aprendizagem ativa e aplicada, pode ser implementada em qualquer área do saber.

  • Contexto prático

    Baseia-se em situações reais ou simuladas que refletem desafios ou problemas práticos.

  • Aprendizagem ativa

    Envolve a participação direta dos estudantes, incentivando-os a analisar, debater, resolver o caso e tomar decisões.

  • Integração de conhecimentos

    Exige que os estudantes apliquem conceitos teóricos e façam uso de diferentes áreas de conhecimento.

  • Trabalho colaborativo

    Frequentemente, esta metodologia é utilizada em grupos, promovendo a discussão e a troca de ideias entre os estudantes.

  • Solução de problemas

    Os estudantes são desafiados a propor soluções viáveis e fundamentadas para o caso apresentado.

  • Ambiguidade

    Muitas vezes, não há uma solução única para o caso, o que estimula a análise de múltiplas perspectivas e alternativas

  • Preparação

    A criação de casos eficazes pode ser exigente para os docentes, dado que precisam de construir cenários complexos e realistas.

  • Engajamento desigual

    Nem todos os estudantes podem estar igualmente comprometidos com o estudo do caso, especialmente em trabalho de grupo, o que pode levar a uma distribuição desigual de responsabilidades.

  • Ambiguidade nas respostas

    A ausência de soluções corretas absolutas pode gerar frustração em alguns alunos, que preferem respostas mais claras e definitivas.

  • Gestão do tempo

    A análise aprofundada dos casos pode consumir mais tempo do que outras abordagens pedagógicas, exigindo uma gestão cuidadosa do tempo disponível.

  • Acesso a recursos

    A análise de alguns estudos de caso pode exigir o acesso a dados ou conhecimentos específicos que nem sempre estão disponíveis para todos os estudantes.

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Artigos

Exemplo 1

Unidade Curricular: Sociologia da Educação e das Organizações Educativas, 3.º ano da Licenciatura em Educação Básica
Docente: Rui Fonseca

  • Objetivos e público-alvo

    No contexto da UC de Sociologia da Educação e das Organizações Educativas da Licenciatura em Educação Básica, considerou-se pertinente criar uma dinâmica colaborativa com os estudantes, de modo a tornar o processo de ensino aprendizagem mais participativo e estimulador da discussão em grupo, bem como, promotor do pensamento crítico. Para tal, partindo de uma prática de ensino aprendizagem já estabilizada recorreu-se à utilização de uma adaptação do Método do Caso de Harvard. É certo que este método de aprendizagem, centrado na análise, na discussão e na procura de soluções para problemas específicos é utilizado, essencialmente, na área dos negócios e da gestão. No entanto, dadas estas características pareceu fazer todo o sentido aplicá-la neste contexto de aprendizagem, pois um professor ou um educador é também um mediador e gestor, devendo para tal desenvolver capacidades analíticas e de tomada de decisão, em pouco tempo, de acordo com a informação que tem disponível.

  • Como foi implementada a Metodologia

    Pedagogicamente, o caso é estruturado de forma a apresentar informações relevantes sobre o contexto, os personagens, os problemas enfrentados e as decisões a tomar. São constituídos grupos de trabalho de 6 a 8 estudantes que elegem entre si um porta-voz. Estes recebem do docente o caso e iniciam em grupo a análise e discussão do mesmo, durante 30 minutos. Cabe ao porta-voz fazer uma súmula da análise e respostas aos problemas realizada pelo grupo. Nos 30 minutos seguintes o docente partilha com todos as respostas realizadas por cada grupo. Os porta-vozes, após conhecerem as respostas dos outros grupos reanalisam as suas opções e discutem estas de novo com o docente e os restantes porta-vozes. Em resultado dessa discussão, o docente apresenta uma súmula desta discussão. Por fim, elabora-se uma reflexão conjunta oral com todos e extraem-se conclusões. Este é um exercício de avaliação formativa centrado nos seus objetivos: o desenvolvimento do pensamento crítico e o trabalho colaborativo.

  • Quais os desafios na implementação

    O Método do Caso é uma prática pedagógica utilizada pela Harvard Business School, desde o início do século XX. É um método que enfatiza as aprendizagens ativas e participativas, onde os estudantes são responsáveis pela sua aprendizagem, colaborando com os seus colegas e aplicando conceitos teóricos na análise de situações práticas. De facto, em contexto de sala de aula, os estudantes são incentivados a analisar casos, identificar os problemas-chave, propor soluções e debater ideias. O foco do método está na aplicação prática do conhecimento teórico já adquirido, desenvolvendo competências dos estudantes na tomada de decisão e na análise crítica de problemas complexos que serão úteis na sua prática profissional. Sucintamente, a aplicação de um inquérito por questionário às turmas de educação onde foi testado este método, descreveram o processo de análise e discussão em grupos como sendo mais enriquecedor, transformador e facilitador da aprendizagem que outras metodologias utilizadas.

  • Quais os benefícios para o estudante com esta Metodologia

    Desenvolvimento do pensamento crítico e do trabalho colaborativo. A aprendizagem realizada a partir de casos práticos ficcionados torna a aprendizagem mais eficaz, dado que os estudantes vão aprendendo ao longo do processo.

  • Como foi refletida esta metodologia na avaliação

    Foi integrada na avaliação contínua, na componente dedicada à participação.

  • Escreva o Campo metodológico da FUC em que refere esta metodologia

    Não descrevi. É a segunda vez que testo esta metodologia com a turma. Agora que avalio os resultados da aprendizagem como positivos, chegou o momento de integrar a mesma na FUC.

  • Pequena reflexão que foque sobre os resultados, implicações e recomendações

    A aplicação do Método do Caso de Harvard à educação revela ter uma superior importância, dado que permite que os estudantes reflitam sobre situações hipotéticas que podem existir em sala de aula ou num contexto escolar mais alargado, seja na família ou na comunidade. Por esta via, aplicam conhecimentos teóricos a realidades práticas hipotéticas que permitem que fiquem melhor preparados, para eventuais situações reais. Além disso, este método ao estimular o pensamento crítico, o trabalho colaborativo, a discussão em equipa, a participação ativa e a autonomia, contribui para desenvolver nos estudantes as principais ferramentas socio-emocionais e cognitivas, úteis no seu contexto profissional futuro. A sua aplicação em diferentes UC que abordem problemáticas gestionárias e relacionais, surge como uma mais-valia pedagógica. Este método parece demonstrar algumas limitações de utilização, em UC cujos conteúdos sejam estritamente teóricos e de difícil transposição para a prática quotidiana. Apesar do trabalho realizado ter uma finalidade bem definida e considerada útil (a produção de uma interface para cálculo de potência de matrizes), a reflexão realizada sobre a atividade prática permitiu reconhecer a necessidade de, futuramente, promover a imediata utilização da ferramenta desenhada recorrendo a um exemplo prático aplicado. As opiniões recolhidas apontaram, em particular para uma alteração de metodologia de trabalho em três sentidos: i) A, já indicada, necessidade de incluir um exercício concreto para testar a interface desenhada. ii) A possibilidade dos grupos de trabalho poderem testar as interfaces produzidas pelos restantes, participando ativamente no processo de avaliação. iii) A definição a priori das condições de dimensão máxima e potência máxima pretendida para a interface.